sábado, 17 de janeiro de 2015

Relato de Nascimento Heloísa - Parte 1

Tive o Miguel de cesárea eletiva, com 38 semanas e 3 dias de gestação.
Depois de MUITO me informar, correr atrás de muita gente, conversar e até viajar pra isso, eu quis algo diferente para nós: um parto natural humanizado.

Se nós tivéssemos ido atrás disso um pouquinho antes, teríamos conseguido nos organizar melhor e ter levantado a grana pra ter um parto assim e melhor: domiciliar. Mas não foi o caso.

Tive doula e médica humanizada pelo SUS. Passava com ela e com o médico do convênio. Por quê? Porque a médica do SUS não era garantia que me atenderia a qualquer momento, já que ela poderia não estar de plantão no dia em que a Heloísa resolvesse nascer. Minha outra opção era ter com plantonista pelo SUS também. Não sentia muita segurança, mas a doula da minha cidade disse que se chegássemos lá com doula e plano de parto, era muito difícil não dar certo. Então também estava considerando essa hipótese, simplesmente pelo fato de saber que se continuasse com o médico do convênio, ele me levaria para cesárea a troco de nada. Me falaram muito bem dele, que era a favor do parto normal etc. Porém ele já me deu sinais nas primeiras consultas, com os dizeres:
"Não vamos falar sobre parto agora, está muito cedo pra isso"
"Depois vejo seu plano de parto, vamos ver se tudo vai encaminhar mesmo para um parto normal"
"Parto domiciliar??? NUNCAAA, É SUPER PERIGOSO!"

Pffff.


Heloísa SEMPRE esteve sentada. Sempre. Nunca me preocupei muito com isso porque sei que eles mudam de posição do nada, então deixei rolar. 


Acontece que ela não mudou. Eu com 37 semanas de gestação e a bonitinha sentada. A médica me propôs a versão cefálica externa, que é uma manobra que só é feita no hospital, onde se tenta virar o bebê pra posição cefálica. Pode ser feita a partir de 37 semanas. Tem seus riscos e um dele seria de realizar uma cesárea de emergência e o bebê não nascer bem, não estar pronto pra nascer. A médica me deixou claro que era um risco pequeno, mas que eu deveria pensar e decidir direitinho, porque 'pequeno' era muito relativo: o que era pouco pra ela, poderia ser muito pra mim.


Minha vontade de ter um parto normal era justamente de respeitar a hora dela. Então não quis fazer a manobra, pois tive medo de ter que correr pra uma cesárea e ela nascer antes do tempo. Esperei o máximo que pude. Decidimos (marido e eu) que se ela permanecesse sentada (já que eles podem mudar de posição até durante o trabalho de parto), faríamos cesárea. A médica do SUS acompanhava parto pélvico, mas eu não me sentia segura para fazer.  Parto pélvico tem mais riscos e precisa ser muito bem assistido, enfim, não me sentia segura. Tive que caminhar horrores, aprender muito pra ter segurança para um parto normal, parto pélvico tenho que caminhar ainda mais rs. Lembrando que só o fato do bebê estar pélvico, não é indicação de cesárea, tá? Bebês também nascem sentados e já vi alguns vídeos maravilhosos de partos normais com o bebê sentadinho!


Minha médica 'me liberou' e disse que não precisava mais passar com ela, que se eu decidisse pela cesárea, seria melhor com o médico do convênio por ele ser um ótimo cirurgião, mas que se eu decidisse fazer a manobra, era só entrar em contato com ela. Minha intenção era esperar entrar em trabalho de parto pelo menos. Meu médico já quis marcar a cesárea (óbvio) e marcou pra depois da data provável (yay!). Me senti 'feliz' porque tinha certeza que entraria em trabalho de parto antes, estava fazendo algumas coisas para que isso acontecesse!

Eis que na consulta de 39 semanas e 2 dias, ele disse pra mim que era arriscado esperar entrar em trabalho de parto por conta da Heloísa estar sentada (me explicou o porquê mas não entendi lhufas, depois descobri pela doula que era tudo balela) e que minha placenta já estava grau 3 (também não entendo muito sobre esse assunto). Ele perguntou se poderia mudar o dia da cesárea (minha DPP era pro dia 29/11 e a cesárea marcada pro dia 01/12). Disse que sim, claro! Achei que ele adiaria por mais uma semana, aí estaria com 41 semanas (pode ir até 42 semanas e até mais, basta acompanhar direitinho). Isso foi no dia 25, numa terça. Eis que ele me vira e diz: "Então vamos fazer dia 27? Nessa quinta?"

Meu queixo caiu.
Um monte de roupinha pra terminar de lavar, um mundo de roupinhas pra passar, mala pra organizar, berço, etc, etc. etc., as coisinhas do Miguel pra acertar e eu tinha dois dias pra resolver isso.

Eu poderia ter brigado e falado NÃO? Poderia, claro que sim. Estava informada, sabia que cesárea eletiva não era uma boa, mas a essa altura do campeonato, eu estava extremamente cansada de discutir, desesperançosa e joguei a toalha. Estava cansada de argumentar, argumentar, argumentar e passei por tanto perrengue com o pessoal do hospital quando tive o Miguel, que não queria passar por tudo de novo e me deixei levar. 
Se eu falasse que não, provavelmente teria que trocar de médico. Todos os médicos do convênio daqui, estão longe de trabalhar com medicina baseada em evidências, ou seja, iam me levar pra cesárea de qualquer maneira. A médica do SUS não era garantia de me atender no dia do parto, as chances eram mínimas. Mesmo a Heloísa podendo virar a qualquer minuto, tinha grandes chances dela permanecer sentada e aí seria cesárea de um jeito ou de outro.


Ele viu a minha não empolgação. Fiquei séria e só falei: "Ok."
Ele me olhou e disse que sabia que não estava sendo como eu queria, que era uma pena que minha bebê estivesse sentada, pois eu e uma outra paciente dele (que inclusive me adc no face, olha a coincidência), eram as pacientes mais decididas e com vontade de um parto normal que ele já tinha visto ali no consultório. Ainda deu ênfase: "E olha que eu atendo MUITA gente."


Assinei um documento, liguei pro Felipe e disse:
- Pode vir me buscar.
- Ta bom! Ta tudo bem?
- Tudo... Mas se prepara que a Heloísa chega na quinta.
- hahahaha Pensou?!
- Eu to falando sério. Ele adiantou a cesárea pra quinta.
- MENTIRA? Não acredito! 
- É...
- Afff!!! To indo te buscar.

E fui pra minha casa com um nó na garganta, não querendo falar muito. Já perdi a 'emoção' e só queria saber de chegar em casa, arrumar o que tinha pra arrumar, curtir muito o Miguel e aceitar que não rolaria mesmo o parto dos meus sonhos. Estava MUITO longe disso acontecer, então eu tinha que trabalhar com o que eu tinha em mãos. Não adiantava lamentar. Engoli o choro, fiquei quietinha (rarooo isso acontecer) e fui preparar as coisas.


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3 comentários:

  1. Brenda, lendo o seu relato é que vemos como as coisas na realidade são, né? Mas sabe de uma coisa? O importante é que a Heloísa veio com saúde e cheia de amor pra dar (e pra receber porque somos pessoas corujas, né?)
    beijos
    Ingrid

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  2. Oi Brenda, Miguel e Heloísa! Estou curiosa para saber como termina essa história do nascimento da princesa! Beijos carinhosos em vocês! Renata e Laura

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  3. OI Brenda, eu sei como é a frustração de quere um parto normal e ter que fazer uma cesária. Mas o importante mesmo é que a Heloísa tenha vindo com saúde e você tenha ficado bem para cuidar dela. Já quero ver a part II do relatod e parto.
    beijos
    Chris
    http://inventandocomamamae.blogspot.com.br

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