quarta-feira, 2 de abril de 2014

Carta de Reclamação

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Olá!
Enfimmm, depois de muito falar, vou mostrar pra vcs minha carta de reclamação que fiz pra entregar na ouvidoria do hospital onde tive o Miguel. Eu odiei o atendimento lá e isso ficou entalado na minha garganta por muito tempo. Após 4 meses, quando mencionei isso ao pediatra do Miguel, ele me orientou a escrever uma carta de reclamação e ir falar com a enfermeira da maternidade. Disse que se isso ainda estava perturbando minha cabeça, precisava ser colocado pra fora.  Bom, fui ao hospital e disse que precisava entregar uma carta de reclamação e falar pessoalmente com a enfermeira da maternidade. Quando a recepcionista ligou pra ela, ela disse que estava muito ocupada e que era pra eu deixar a carta lá na recepção que depois ela pegava. Aham. Na minha cabeça, eu só ouvia a voz do pediatra: "Escreve uma carta, mas não deixa de falar pessoalmente." Eu disse que tudo bem então, que era pra me passar pra ouvidoria (porque lá a gente tem algum retorno, né? Na maioria das vezes resolvem o nosso problema). Aií vocês acham que me passaram pra lá?? Claaaro que não! ;) Deram um jeito e eu fui parar na sala da chefe das enfermeiras. Quem estava lá junto com ela? A enfermeira da maternidade. Com a bochecha super vermelha, olhos estreitados, sabe? Pernas e braços cruzados. Dava pra ver na cara dela que ela tava com raiva. A chefe (que também é enfermeira) me perguntou o que podia fazer por mim. Aí eu entreguei a carta na mão dela e disse: "Essa é minha reclamação. Tá tudo escrito aí."

"Venho por meio desta carta expressar o quanto estou frustrada com o atendimento que tive neste hospital, quando fui ter meu primeiro filho.
Começando do começo: Se existem regras, elas deveriam ser seguidas por TODOS!!! Não é permitido: mais de 03 pessoas no quarto (em horário de visitas), flores, crianças e só uma pessoa pode acompanhar o parto. O hospital não permite a entrada do pai no Centro Cirúrgico. Como não? É direito de toda mulher ter um acompanhante não importa que tipo de parto seja. Não tem como contaminar se o acompanhante estiver paramentado e não encostar em campo estéril.
Eu já cansei de ver fotos de mulheres que tiveram seus filhos neste hospital e muitas tinham flores no quarto e os maridos entraram na cesárea. E tem mais: quando estive internada, tinham 04 crianças lá na maternidade. Não me importo com a presença de crianças, acho que elas deveriam nos visitar mesmo, agora minha sobrinha veio de Campinas com os pais e não pode subir (tem 8 anos), mas tinha uma creche no corredor da enfermaria!

Obs: Chegou uma hora que tinha CINCO pessoas no meu quarto e não parava de chegar gente! E a recepção? Não vê? Só manda subir?!

Na recepção, você só fala o nome da pessoa que quer visitar e pode subir. Não interessa quem seja. Ninguém pergunta nome nem pede identidade. Deveriam perguntar nomes, pedir algum documento e ter um controle BEM MELHOR de quantas pessoas estão no quarto, se pode subir, se tem gente a mais...

Bom:
Tentei trabalhar neste hospital uma vez e fui reprovada porque esqueci de me apresentar ao 'paciente' (boneco). Quero deixar claro que NINGUÉM se apresentou pra mim, eu tive que ler no crachá (quando este ficava visível) ou ouvia as funcionárias chamando pelo nome. Pois bem. A funcionária A.R.R. me deu o primeiro atendimento. Neste atendimento, disse coisas a seu respeito MUITO íntimas. Meu marido estava presente e ficamos constrangidos. Onde já se viu isso? E a postura profissional? Esta mesma funcionária estava no posto de enfermagem quando eu estava indo para o Centro Cirúrgico, então eu disse a ela:
- Meu marido, minha mãe e minha sogra estão no quarto. Eles não sabem onde fica a sala de espera, você pode mostrar pra eles?
- Pode deixar que eu aviso eles, estou indo lá arrumar sua cama também.

Nosso primeiro filho, minha mãe de outra cidade e o primeiro neto da minha sogra. NINGUÉM sabia onde ficava a sala de espera (quando visitamos a maternidade, não nos mostraram).
E o que aconteceu?
Meu filho nasceu e quando o pediatra foi levar ele 'sujinho', nos seus primeiros minutinhos de vida, ele não encontrou ninguém na sala de espera porque a funcionária esqueceu de avisar!!! Pode parecer pouco, mas experimentem passar por 2 abortos, perder 3 bebês, ter toda uma preparação, superar dificuldades, sonhar com aquela foto do pai e do bebê 'sujinho'... pra funcionária simplesmente ESQUECER de avisar a família pra esperarem na sala de espera? NUMA MATERNIDADE? É horrível isso!!!

Próximo item:
Meu bebê teve dificuldades pra pegar o peito. Eu precisava de orientações e apoio, não alguém me bombardeando com informações e dizendo:
- Segura assim... agora com esse dedo, você faz isso.. Não, mas continua segurando aqui. Você tá fazendo errado!!!
Precisava de ATENÇÃO, não alguém cutucando a costela do meu bebê até ele ficar vermelho de tanto chorar, com o argumento de que ele "precisa ficar nervoso pra ele mamar". Deveria sentar essa funcionária numa cadeira, tentando fazer ela comer e cutucar a costela dela!  Se ela, uma senhora, não conseguiria... o que ela espera de um bebê que acabou de vir ao mundo E prematuro???
Essa funcionária chama-se M. Uma morena de olhos verdes. Eu fiquei muito nervosa, chorei na frnte de todo mundo e amamentação virou um tormento a partir de então. Cada hr chegava alguém pra apertar o bico do meu peito, dizendo que 'eu não tinha bico'. Isso porque o OBSTETRA E O PEDIATRA disseram que estava tudo ok, que tinha que esperar o bebê pegar. Essa funcionária ainda me disse que meu obstetra deveria ter me orientado melhor no quesito amamentação. Que falta de ética falar que meu médico não me preparou como deveria... Cada médico tem sua metodologia, sua maneira de trabalhar. Se eu escolhi ele, é porque confio nele e em seu trabalho. As pessoas vem com: "Mãe, esse bebê precisa mamar!", como se nós não soubéssemos ou quiséssemos. Ah!, ninguém me chamou pelo nome e sabe o que é pior? Não sabiam nem o sexo do meu filho! Como você atende alguém sem nem olhar o prontuário? Isso é uma das primeiras coisas que se aprende no curso de Técnico de Enfermagem.

Eu sou formada na área da saúde e sei o quanto é importante amamentar a criança. Ninguém tem noção da minha frustração por não ter conseguido. Não há leite artificial que se compare ao leite materno. Eu tenho CERTEZA que se eu tivesse mais apoio e se meu filho tivesse recebido mais RESPEITO, o destino dessa história seria diferente. Quando cheguei em casa, só de colocá-lo na posição pra mamar, ele chorava sem parar e jogava o corpo pra trás. Ele ficou traumatizado. E quem não ficaria? Eu entendo que alguns procedimentos são necessários, o próprio pediatra nos informou sobre isso. Procedimento é uma coisa, agora você cutucar o bebê até ele ficar vermelho de tanto chorar, é quase uma agressão. Várias funcionárias vieram me ajudar com este mesmo procedimento, entre elas a J. do berçário, mas foi super gentil e ele não chorou, pelo contrário, foi a primeira vez que ele pegou o peito no hospital. É preciso respeitar o bebê, é um ser pequeno, MAS É UM SER HUMANO QUE MERECE RESPEITO! Tem seu tempo para aprender e não se deve compará-lo a outros bebês. Ele é único.

Já a funcionária E.C.A. veio me ajudar a amamentar e disse que iria buscar algo para nos ajudar. Passaram-se 15 minutos, 20 minutos.. meia hora. Meu marido foi atrás (já que a campainha do quarto não funcionava) e ela tinha saído para almoçar :) . Com certeza respeito seu horário de almoço, mas custava nos avisar: "Vou sair para almoçar, daqui 2 horas retorno para te ajudar" ou até mesmo pedir pra outra funcionária nos avisar/ajudar? Eu fiquei com o seio pra fora, o bebê chorando e esperando que nem uma idiota ela voltar! Como assim??
E ela também falou mal de outro médico (que eu escolhi também), dizendo que cada hora ele falava uma coisa. Que ética, né? Só acho engraçado porque elas falam isso nas costas deles e quando eles estão presentes, automaticamente se tornam as funcionárias mais educadas, prestativas e simpáticas do mundo!
As funcionárias do turno da noite não ficam no posto de enfermagem. Você quer alguma coisa tem que sair vagando pelo hospital pra ver se encontra alguém.

Bom, minha reclamação chega ao fim e espero que tenham entendido o quanto fiquei decepcionada com o atendimento. Confesso que imaginei cena de novela: meu bebê nascendo (depois de tanta luta), meu marido tirando uma foto com ele 'sujinho', eu super tranquila com meu bebê nos braços. Mas só houve falta de respeito, 'esquecimentos', lágrimas e estresse.
Deixamos de ser pacientes e nos tornamos clientes FAZ MUITO TEMPO. Não é um serviço gratuito, pelo contrário, é muito bem pago.
Pago o convênio há 2 anos e quando preciso usufruir do hospital por 3 dias, acontece isso.
Dependemos do hospital, mas não tanto quanto ele depende da clientela para se manter funcionando. Peço que tomem as medidas cabíveis.

Desde já agradeço."

Bom, a chefe das enfermeiras ficou em silêncio o tempo todo (estava lendo a minha carta), enquanto eu acrescentava algumas coisas que tinha esquecido de colocar na carta, tipo uma das funcionárias dizendo que era bom que eu estivesse com dificuldade pra amamentar, assim eu aprendia e avisava outras mães pra se preparem melhor, outra funcionária dizendo que não era pra eu comprar todos os medicamentos que o médico havia prescrito porque eu ia gastar muito (!), tirando sarro do meu filho, de mim e por aí vai...


A enfermeira da maternidade só ficava arrumando DESCULPAS. Pra tudo ela tinha uma desculpa:
- Te deixaram esperando porque tem poucos funcionários...
- Às vezes te trataram mal porque estavam num mal dia....
- Fulana foi inconveniente mas não é bem assim, ela que é brincalhona mesmo..
- Não é nossa obrigação avisar aos familiares pra ficarem na sala de espera, isso é papel da pessoa que vem te buscar pra cirurgia (mesmo eu tendo reforçado que a funcionária da maternidade tinha dito que iria avisar SIM)...
- Não é culpa nossa você não ter conseguido amamentar.

É mole?
A enfermeira chefe disse que no caso da fulana brincalhona, existia horário e lugar pra se brincar. E quando eu relatava algumas situações, ela só olhava pra cara da enfermeira da maternidade, querendo dizer: "Não estou acreditando no que estou ouvindo...".

No fim, a enfermeira chefe disse que agradecia por eu ter ido lá reclamar pessoalmente, porque muita coisa não chegava no ouvido dela. Que sentia muito por ter não ter sido como planejei, e que se eu pago um convênio é porque eu quero um tratamento melhor. Disse também que chamaria as pessoas que citei, daria uma advertência e pediu desculpas pelo ocorrido.

A enfermeira da maternidade simplesmente me olhou com 'aquela cara' e disse: "Se você voltar aqui de novo pra ter outro filho, pode ter certeza que eu vou me lembrar de você. Não vou esquecer do seu rosto."

Não sei se foi uma maneira de dizer que da próxima será diferente, será melhor ou se foi uma ameaça velada mesmo. Só sei que ela estava com cara de poucos amigos e eu só tive esperança que minha reclamação valeu de alguma coisa, por conta da enfermeira chefe que não ficou arrumando desculpinhas, mas reconheceu os erros e se propôs a melhorar.

Eu tive uma experiência péssima com o hospital e já entendi o motivo. As funcionárias são o que são por conta da chefia, simples assim. Deu pra ver que a enfermeira não quis se responsabilizar por nada e só defender a equipe, dizendo que 'era estranho, porque todas de quem eu reclamei eram uns amores, as melhores funcionárias'. Quase que eu disse: "São assim com você, né? Que é chefe delas!". 

Bom, só espero que se um dia eu tiver que voltar pra lá de novo, eu não passe pelo que passei. Mas SE passar, já sei como reagir e que providências tomar.


Será que tudo isso é classificado como violência obstétrica?
Não sei; só sei que me rendeu uma 'bela' depressão pós parto que demorei 1 ano pra me recuperar.


Já passaram por isso?

Beijos.

4 comentários:

  1. Poxa... uma vergonha.. Lamentável isto viu!!!!!!!
    eu estava pensando de fazer um post falando sobre hospital.. Vou fazer...
    Quanto aos dinossouros... dá medo mesmo e ainda eles tem som... kkkk

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  2. Nossa to em colicas aqui. Que absurdo, acho que tinha que levado para ouvidoria, ela não vai fazer e mudar nada, pelo jeito. Nada paga o que passou, e ainda por isso ter tido depressão por parto é dureza. Se fosse comigo teria ficado acabada tb. Bjs
    Vivi e Isaac

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  3. Ei Brenda! Confesso que ainda fico impressionada com a falta de sensibilidade do ser humano, que deveria fazer jus ao nosso próximo.

    Graças a Deus, não passei por desrespeito no hospital onde a Laura nasceu. Só tive um contratempo com a obstetra por causa da data do parto, mas isso foi antes da Laura nascer e não foi nada sério.

    Ainda bem que Miguel nasceu saudável e vocês se recuperaram bem, apesar das adversidades.

    Fica a experiência que serve de alerta para outras mamães. Gostei da sua lição de cidadania.

    Beijo, beijo!!

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  4. Nossa isso é caso de processo isso sim!! Estou indignada...
    Bjoss
    Flavia (bicho mãe)

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